Por Cynthia M. Cominesi
Em minha busca por informações sobre agronegócio e as tendências que o moldam, encontrei um estudo fundamental para entender o impacto da tecnologia na produtividade do agro brasileiro. O Índice de Produtividade Tecnológica (IPT) foi desenvolvido pela TOTVS, com execução da h2r insights & trends, e publicado entre agosto e dezembro de 2023. O estudo avalia como o uso de sistemas de gestão, como ERPs, afeta a eficiência e desempenho das empresas do setor.
A pesquisa revelou o grau de maturidade tecnológica no agro e destacou que, apesar de avanços, ainda há muito a ser feito na adoção total de soluções tecnológicas. A seguir, apresento as conclusões mais importantes e suas implicações para o futuro do agronegócio no Brasil.
Metodologia e Escopo
O estudo envolveu 350 empresários e gestores do agronegócio com faturamento acima de R$ 20 milhões por ano, abrangendo setores como produção de sementes, agroindústria, bioenergia e comercialização. As entrevistas foram conduzidas por telefone, cobrindo as regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Sul do Brasil.
Utilizando a metodologia de Análise de Componentes Principais (PCA), o estudo se focou em dois pilares:
• Internalização dos sistemas de gestão: Avalia como as empresas integram e utilizam sistemas no dia a dia.
• Ganho de performance: Mede o impacto dessas tecnologias nas operações e na tomada de decisão.
Com esses dois pilares, foi calculado o Índice de Produtividade Tecnológica (IPT), que indica o quão eficiente é o uso da tecnologia no setor.
Principais Conclusões
1. Avanços e Desafios
o O IPT médio das empresas foi 0,58 (em uma escala de 0 a 1), mostrando progresso, mas também grande espaço para melhorias. Apenas 20% das empresas atingiram um IPT superior a 0,75, revelando que a maioria está em um estágio intermediário de adoção tecnológica.
o As empresas que utilizam ERPs de forma integrada em todas as áreas administrativas alcançam um IPT de 0,67, enquanto as que usam essas soluções de forma isolada têm menor desempenho.
2. Pilares da Produtividade Tecnológica
o Infraestrutura de TI: Apesar de 75% das empresas terem acesso à internet, muitas não possuem departamentos de TI dedicados, o que prejudica a integração dos processos e o gerenciamento em tempo real.
o Condições Internas: Empresas com processos mais digitalizados e menor rotatividade de funcionários apresentam melhores resultados, com aumento de até 20% na produtividade.
o Internalização dos Sistemas: A adoção tecnológica plena é um diferencial competitivo, com aumento significativo de performance para empresas que integram seus sistemas de gestão.
3. Prontidão e Investimentos Futuros
o O Índice de Prontidão Futura (IPF) foi 0,51, mostrando que muitas empresas ainda não definiram claramente suas prioridades de investimento. Tecnologias como agricultura de precisão, drones, energia renovável e 5G são as mais desejadas, mas a escolha das soluções prioritárias ainda é um desafio.
Impactos e Consequências para o Agronegócio Brasileiro
As informações reveladas pelo IPT são essenciais para entender as tendências futuras no agro brasileiro. Algumas das principais consequências incluem:
• Competitividade e Sustentabilidade: A eficiência no uso de tecnologias é essencial para manter o Brasil competitivo no mercado global, com rastreabilidade e transparência que atendam às exigências de sustentabilidade.
• Agricultura Conectada: A chegada do 5G permitirá a coleta e análise de dados em tempo real, favorecendo a adoção de IoT e agricultura de precisão.
• Transformação na Gestão: A transição de uma gestão familiar para modelos profissionalizados é uma tendência clara, com 50% das empresas migrando para administração executiva. ERPs e sistemas de gestão proporcionam maior controle e decisões mais rápidas.
• Desafios em Capacitação e Infraestrutura: A falta de TI dedicada e a dificuldade de treinar funcionários são entraves que precisam ser superados para elevar a eficiência do setor.
Conclusão: Tecnologia como Pilar do Futuro do Agro
A pesquisa da TOTVS e h2r insights & trends mostra que a tecnologia é um pilar estratégico para o futuro do agronegócio brasileiro. Embora o setor já tenha avançado na adoção de sistemas de gestão, ainda há espaço para melhorias. A automação, a integração digital e o uso de dados em tempo real são essenciais para garantir produtividade e sustentabilidade.
Definir prioridades de investimento é um dos maiores desafios. O Índice de Prontidão Futura sugere que muitas empresas ainda estão avaliando quais tecnologias devem priorizar para se manterem relevantes globalmente.
O agronegócio brasileiro está em um momento de transformação crucial. As empresas que integrarem plenamente a tecnologia e investirem nas soluções certas estarão melhor preparadas para enfrentar os desafios futuros e liderar no cenário global.