Em janeiro, discutimos o passo a passo para organizar suas finanças e planejar 2025 de forma sólida. Agora, em fevereiro, é hora de dar o próximo passo: entender onde investir.
Desde o início do ano, venho acompanhando atentamente as movimentações do mercado financeiro. Participei de treinamentos e eventos para entender o cenário atual e trazer uma visão clara para ajudá-lo nessa jornada de investimentos.
Cenário Macroeconômico: O Que Esperar?
Investir exige um entendimento claro do cenário atual, e o momento não é fácil. A inflação segue sendo um grande problema, tanto no Brasil quanto no exterior.
Nos Estados Unidos, o novo presidente, Donald Trump, tem adotado medidas protecionistas, o que pode gerar mais pressão inflacionária, embora também haja iniciativas para destravar projetos e estimular a economia. A China, por sua vez, enfrenta uma desaceleração econômica abaixo das expectativas. Os mercados ainda tentam entender os movimentos do governo chinês, que impactam diretamente a economia global e, consequentemente, a brasileira.
No Brasil, uma pergunta tem surgido com frequência: “Janaina, vamos entrar em recessão? Estamos vivendo um cenário como em 2015/2016?” Confesso que, no início, pensei que sim. Contudo, após uma análise mais aprofundada, percebo que existem diferenças importantes. Em 2015 e 2016, enfrentávamos crises setoriais profundas, como nos setores de infraestrutura, gás, energia e um mercado imobiliário desorganizado. Hoje, temos marcos regulatórios importantes na infraestrutura e, embora a incerteza fiscal e a inflação persistam, não estamos lidando com os mesmos desafios setoriais.
O grande problema do Brasil atualmente é o déficit nominal, que pode chegar a 9% do PIB, e uma dívida crescente, que já atinge 12% do PIB. Isso gera incertezas e afeta a previsibilidade da taxa de câmbio. Portanto, é fundamental que o governo apresente um plano fiscal confiável para acalmar o mercado.
Diante desse cenário, a palavra-chave para 2025 é cautela.
Onde Investir em 2025: Ajustando a Estratégia
Para investir bem em 2025, é essencial ajustar sua estratégia e estruturar uma asset allocation eficiente (a alocação de ativos busca equilibrar risco e recompensa, ajustando a porcentagem de cada ativo na carteira de acordo com o perfil de risco do investidor, metas e prazo de investimento). Não adianta acelerar sem um planejamento sólido. Diversificação será a chave!
O primeiro passo é entender seu perfil de investidor e alinhar suas expectativas de rentabilidade. Com isso, você pode definir a alocação de ativos na sua carteira. Por exemplo, uma estratégia equilibrada poderia ser:
- 60% Renda Fixa (30% em liquidez e 30% com travas)
- 20% Fundos de Investimento
- 10% Renda Variável
- 10% Investimentos Internacionais
Essa distribuição pode proporcionar um retorno médio de 110% do CDI, equilibrando os horizontes de curto, médio e longo prazo.
Aqui vai um reforço importante: diversificação não se limita apenas a ativos financeiros, mas ao seu patrimônio como um todo. Avalie também a distribuição entre negócios, bens imóveis e investimentos financeiros. O equilíbrio dessa estratégia faz toda a diferença nos resultados. A concentração excessiva em qualquer classe de ativo pode ser um risco desnecessário.
Planejamento e Execução: A Importância do Monitoramento Contínuo
Para investir em 2025, não basta apenas escolher ativos aleatoriamente. Ter um plano claro, diversificar e respeitar seu perfil de investidor são essenciais para obter bons resultados. No entanto, é fundamental lembrar que o mercado está em constante mudança, e o que pode ser uma boa estratégia hoje pode não ser a melhor amanhã.
Portanto, o monitoramento constante é crucial. Mantenha-se informado sobre as movimentações econômicas e as mudanças nas políticas públicas, como ajustes nas taxas de juros ou novas regulamentações fiscais. A economia global e local está sempre em evolução, e esses fatores podem impactar diretamente a rentabilidade dos seus investimentos.
Além disso, não tenha receio de ajustar sua estratégia conforme necessário. Se o cenário econômico mudar significativamente, ou se seus objetivos financeiros evoluírem, é importante revisar a alocação de ativos na sua carteira. Um bom investidor sabe que sua estratégia não deve ser rígida, mas sim flexível, para garantir que seus investimentos acompanhem a dinâmica do mercado e sua própria realidade.
Por fim, tenha sempre um plano de contingência. Mesmo com todo o planejamento, imprevistos podem acontecer. É importante ter uma reserva de emergência bem estruturada e estar preparado para lidar com volatilidades inesperadas. Isso ajudará a minimizar os impactos negativos em sua carteira e a preservar seu capital.
Investir é uma jornada contínua e, com planejamento, monitoramento e ajustes constantes, você estará mais preparado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgirem ao longo do caminho.
1.Reúna seus ativos investíveis
2.Concluir uma avaliação de tolerância ao risco
3.Avalie seu investimento atual portifólio
4.Crie uma proposta de investimento para sua alocação de ativos recomendada
5.Implementar o plano de alocação de ativos
Renda Fixa: Oportunidades no Cenário Atual
Muita gente subestima a renda fixa, mas a realidade é que o Brasil atualmente tem a maior taxa de juros real do mundo (ou está sempre entre as principais!). O que isso significa? A taxa de juros real (descontada a inflação) está hoje em torno de 9,18%, com previsão de manutenção elevada. Historicamente, a Selic teve uma média de 9,31% (bruto) nos últimos 10 anos e 9,47% (bruto) nos últimos 15 anos, o que demonstra que as taxas brasileiras sempre foram atraentes.
Dito isso, a renda fixa continua sendo uma excelente opção para quem sabe aproveitar.
Se você está começando, opções como RDCs (Recibos de Depósito Cooperativo) para liquidez e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) para prazos mais longos são boas escolhas. Atualmente, as melhores oportunidades estão nos pós-fixados, pois acompanham as oscilações das taxas de juros. Já os prefixados ou indexados à inflação podem ser mais interessantes em um horizonte de longo prazo, mas devem ser avaliados com cautela e acompanhar as taxas futuras.
Se você tem um horizonte maior, vale olhar para debêntures, CRIs e CRAs no mercado de crédito privado, sempre atento à classificação de risco e à necessidade de recursos, já que são ativos de médio a longo prazo.
Fundos de Investimento: Diversificação Inteligente
Fundos de investimento são uma forma prática e acessível de diversificação. Você pode acessar estratégias que incluem crédito privado, infraestrutura e multimercados, com níveis de risco ajustados ao seu perfil.
A vantagem? O acesso a produtos que individualmente não estariam acessíveis para um investidor comum.
Renda Variável: Diversificação e Estratégia
Aqui vai uma dica importante: não pule etapas! Antes de entrar na renda variável, organize suas finanças, tenha uma reserva de emergência e defina uma estratégia clara.
Um erro comum é começar investindo direto em ações sem preparo. Pergunte-se: Se minha carteira cair 30%, eu conseguiria esperar a recuperação sem vender? Se a resposta for “não”, talvez ainda não seja o momento de investir em ações individuais.
Para começar, fundos de ações e multimercados são alternativas mais seguras, proporcionando exposição ao mercado sem tanta volatilidade.
Desempenho das bolsas em dólar
Investimentos Internacionais: Vale a Pena?
Muita gente pensa que investir no exterior é apenas uma questão de diversificação. Mas qual é o seu real objetivo? Proteção contra o risco Brasil, oportunidade de crescimento ou simplesmente diversificação?
Se seu objetivo for reduzir o risco país, é essencial entender os mecanismos disponíveis. Muitas plataformas oferecem acesso internacional, mas se a intermediação for feita por uma instituição brasileira, a proteção real contra o risco país pode ser limitada.
Para a maioria dos investidores, a melhor forma de acessar o mercado global é via fundos de investimento internacionais, pois eles permitem uma diversificação mais ampla e profissional. Também existem opções como ETFs e BDRs, mas lembre-se de que investir nesses ativos por conta própria exige mais conhecimento.
E aqui está um ponto que poucos mencionam: considerando o histórico da nossa renda fixa, ativos internacionais como dólar e ouro tendem a entregar um retorno menor no longo prazo. Se seu foco for rentabilidade, vale refletir sobre isso.
O Foco do Mercado em Oportunidades Especulativas: Onde Estão as Principais Tendências?
Criptoativos e Inovação: O mercado continua sendo impulsionado por inovações e especulação, e os criptoativos estão, sem dúvida, no radar de muitos investidores. No entanto, é fundamental acessar esses ativos por meio de plataformas legalizadas. Recentemente, o ataque hacker à exchange de criptomoedas Bybit, resultando em uma perda de US$ 1,5 bilhão, destacou os riscos associados a esse mercado. Esse incidente coloca em pauta a segurança no mercado cripto e a volatilidade das criptomoedas, especialmente diante de novas regulamentações. O setor de inovação e tecnologia continua aquecido e segue sendo uma das áreas mais observadas por investidores atentos às dinâmicas do mercado.
Planejamento e Execução
Investir em 2025 não é apenas uma questão de escolher ativos aleatoriamente. Ter um plano claro, diversificar e respeitar seu perfil de investidor são essenciais para alcançar bons resultados.
Ao longo deste artigo, destaquei a importância de uma alocação equilibrada e do uso estratégico de renda fixa, fundos de investimento, renda variável e ativos internacionais. Agora, cabe a você analisar suas possibilidades e traçar um plano que faça sentido para sua realidade.
Lembre-se: investir é uma jornada, e o sucesso vem com planejamento e consistência. Então, bora começar?