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O Caminho do Brasil para uma Agropecuária de Baixo Carbono

Por Cyntia Moleta Cominesi

Estava lendo as notícias na página da Embrapa esta semana e fiquei impressionada com os avanços em direção a uma agropecuária de baixo carbono. Dois projetos se destacam: a certificação da produção de soja de baixo carbono e o protocolo Carne Baixo Carbono (CBC). Estes projetos mostram o comprometimento do Brasil em liderar a produção agrícola sustentável, integrando tecnologia e boas práticas para mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Soja Baixo Carbono: Diretrizes e Implementação

A Embrapa lançou a primeira versão das diretrizes para a certificação da soja de baixo carbono, um projeto que promete revolucionar a produção agrícola no Brasil. A certificação, prevista para estar disponível ao mercado em 2026, envolve a adequação do imóvel rural e do sistema de produção. Entre os requisitos, estão a eliminação de queimadas deliberadas, respeito ao vazio sanitário, adoção de práticas agrícolas sustentáveis e melhoria do balanço de carbono.

A metodologia está sendo validada em mais de 60 áreas agrícolas distribuídas nas cinco macrorregiões sojícolas brasileiras. A expectativa é que, ao adotar essas tecnologias sustentáveis, a redução das emissões nos sistemas de produção de soja possa chegar a aproximadamente 30%.

Protocolo Carne Baixo Carbono: Pioneirismo na Bovinocultura

Outro projeto inovador é o Protocolo Carne Baixo Carbono (CBC), que foi recentemente apresentado pelo Instituto CNA (ICNA). Este protocolo é um dos primeiros no Brasil a estabelecer critérios auditáveis para garantir a redução das emissões de GEE na bovinocultura de corte. Ele prevê a gestão de protocolos de rastreabilidade na cadeia produtiva das carnes, envolvendo desde a certificação de propriedades até auditorias em frigoríficos certificados.

O CBC foi validado em uma Unidade de Referência Tecnológica da Embrapa na Bahia, no bioma Cerrado, onde foram avaliados parâmetros como o estoque de carbono, ganho de peso do gado, qualidade da carne e emissões de metano. Os resultados mostraram que é possível aumentar a produtividade e a qualidade da carne sem a necessidade de expandir a área produtiva, contribuindo para a sustentabilidade do setor.

O Papel das Diretrizes Técnicas e Práticas Sustentáveis

As diretrizes técnicas para a certificação da soja de baixo carbono são baseadas em dois pilares: a adequação do imóvel rural e a adequação do sistema de produção. Critérios como a legalização do imóvel, eliminação de queimadas e adoção de boas práticas agrícolas são essenciais para que uma propriedade seja elegível para receber o selo Soja Baixo Carbono (SBC).

No caso do CBC, a gestão e governança do protocolo envolvem certificação de terceira parte, auditorias anuais e a adoção de práticas sustentáveis que incluem a recuperação de pastagens, manejo integrado de pragas e uso de tecnologias digitais. Esses protocolos não apenas mitigam as emissões de GEE, mas também melhoram a produtividade e a qualidade dos produtos agrícolas e pecuários.

Benefícios para os Produtores Rurais

Os produtores rurais que adotarem essas certificações e protocolos podem se beneficiar de várias maneiras. Primeiramente, os selos de certificação, como o SBC e o CBC, agregam valor aos produtos, tornando-os mais competitivos no mercado. Além disso, há a possibilidade de obter compensações financeiras, juros mais baixos e prêmios em seguros agrícolas.

Outro benefício importante é o acesso a mercados internacionais que valorizam práticas sustentáveis. A adoção dessas diretrizes e protocolos pode abrir portas para exportações e parcerias com empresas globais comprometidas com a sustentabilidade ambiental.

Desafios e Considerações Finais

Apesar dos benefícios, a implementação desses projetos apresenta desafios. A adaptação às novas tecnologias e práticas sustentáveis requer investimento em capacitação e infraestrutura. Além disso, é necessário um esforço contínuo para monitorar e validar os resultados das práticas adotadas.

Os produtores rurais e técnicos devem estar atentos às mudanças e preparados para se adaptar às novas exigências. A capacitação contínua e a participação em programas de treinamento são essenciais para garantir o sucesso na adoção dessas práticas.

Conclusão

O Brasil está dando passos significativos em direção a uma agropecuária de baixo carbono, com iniciativas como a certificação da soja de baixo carbono e o protocolo Carne Baixo Carbono. Estes projetos não só contribuem para a sustentabilidade ambiental, mas também trazem benefícios econômicos e competitivos para os produtores rurais. Ao adotar essas práticas e certificações, o agronegócio brasileiro se posiciona como líder global em sustentabilidade, mostrando que é possível produzir com responsabilidade e respeito ao meio ambiente.

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